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Um simples pedaço de papel...

Gostaria de dividir com vocês, caros irmãos leitores do Blog Imortal Juventude, o tesouro que nosso Grande Deus e Senhor Jesus Cristo escondeu no coração de alguém muito importante para mim, uma alma caríssima e preciosa, que já habita dentro em mim de forma tão simples e tão intensa, apesar do pouco tempo que nos conhecemos. Creio que não cabem aqui muitas palavras, senão as que o próprio Deus me endereçou numa manhã de oração, por meio desta carta. Carta escrita de modo tão íntimo, tão particular, mas tão bem endereçada a mim, por meio dos sentimentos de outra pessoa, que também são os meus. Enfim, deixo-vos este tesouro, e expresso minha profunda gratidão ao Senhor e à pessoa que, sendo sincera com Deus, desmascarou sentimentos meus e me trouxe de volta ao colo do Pai. 


Esse simples pedaço de papel é a forma que posso, primariamente, sem medo de ser julgada ou ate mesmo de ser “acordada”, de materializar o que quero pra mim. Os meus sonhos. Sonhados não só por mim, mas em conjunto. Sonhos estes que mudam rotas diariamente, minhas rotas conturbadas, paradoxais, densas... Sonhos estes que são dirigidos por Deus. E foi só depois de tantos outros sonhos já realizados que fui racionalizar que não preciso ter medo de conseguir, não é pecado se doar e vencer as suas lutas. Pelo contrário, esse é o prêmio por ser fiel a você mesmo. Não falo de um individualismo burro, mas de uma fidelidade a sua meta, uma auto-lealdade, um auto-respeito.

Às vezes, confesso, fico cheia de dedos pra agradecer alguma coisa. Fico sem jeito, me sinto mal. EPA!!! Me sentir mal por ter conseguido o que queria? Que tolice de minha parte fazer um absurdo desses com essa intimidade linda e delicada que tenho com Deus. Intimidade que não precisa de mediações - tudo bem que às vezes tem um terceiro que me ajuda a subir no telhado e reconectar a antena em momentos de tempestade - mas nada de muito fenomenal. Ele o  fez porque assiste de fora umas asneiras naturais de quem está perdido, logo, humildemente,  precisa ajudar o (a) desnorteado (a).

E é por esse escrito, por essa folha de papel que contém um pequeno rasgo – rasgo que eu mesma fiz simbolizando as cobranças que me fiz - que materializo o que de fato acredito, e me rege. Os meus sonhos são sonhados em sintonia com a luz. São vindos do Coração Divino, sonhos que alimentam uma paz, a mesma paz com a qual Cristo nos saudou uma vez, e que nos faz renovar essa mesma aliança todos os dias.

Essa paz, que provém da conquista de uma meta, quer dizer, para mim mais que uma conquista. Para mim, essa conquista vem de um amor supremo que me entope as artérias do coração, fazendo com que transborde para o exterior desse corpo lágrimas e sorrisos, juntos. Um calor que vem do abdome, um vento nas costas que vem sem direção, e uma vontade doida de onde eu estiver dizer, com os olhos, e com um sorriso de canto de boca, com uma música qualquer:“Pai, valeu muito a pena. Nós fazemos uma dupla e tanto. (e sussurrar o mais baixinho que conseguir). Ei, amo você! ”

Pra mim, isso é a presença de um espírito de luz que não só direciona as oportunidades, quanto cuida de mim para que eu possa ser forte, põe empecilhos para me manter fiel, e depois de me encher de ansiedade, me leva à praia, brinda comigo o suado troféu com um copo de suco de melão e olha nos meus olhos e diz: “- Tá vendo, princesa? Precisou todo aquele desespero? Confia em mim, cabeça, que teu sofrimento é reduzido! Mas você não me ouve, “Margarida”! Porque você é assim? Mas deixa isso quieto, discutimos isso no próximo final de semana, ok? Mas agora, eu quero só ouvir você agradecendo. Descansa esse cansaço em mim, filha! E sorri. Amo você, pequena! Vai iluminar, minha princesa. Diga pra outros desse amor puro, sem enfeites, que você presencia. Instruí-as a amar sem premissas calculadas.”

É mais ou menos isso que ouço todas as vezes que rezo. Um carinho sem igual embutido com um puxão de orelha. Enfim, tudo o que preciso ouvir!

CORAGEM! TE FAÇO FORTE!
“É teu Pai que é contigo!”

Nossa Senhora de Guadalupe, rogai por nós!!



“Se sou fiel no pouco, ele me confiará mais...”

AGAPE

Amada juventude católica, trago ao nosso blog mais uma maravilhosa colaboração de duas meninas que têm o Céu no coração, e o desejo de viver este Céu já aqui neste tempo. Deixo a vocês a maravilhosa partilha de Thais Marcelino, que já postou seu maravilhoso testemunho sobre perdão aqui no nosso blog, e o de Roberta Carmem, "caloura" aqui, mas cheia da unção de Deus para falar-lhes. Desfrutem! Meninas, God Bless You!
Ágape


Olá amados estava morrendo de saudades desse blog maravilhoso. Hoje vou deixar a vocês essas palavras de uma irmãzinha, uma jovem PHN, complementei determinadas partes com minhas palavras.

 "Vejam como eles se amam!"... Era assim que os pagãos reconheciam os cristãos. Eles se amavam. E além de tudo, amavam a Deus!

Tento aplicar isso aos dias de hoje, porem por mais que eu tente, as atuais circunstâncias me limitam a essa tentativa. Não consigo mais achar esse amor puro. Esse amor divino... o Ágape.

Ás vezes pergunto: "Ágape, cadê você?", mas não tenho resposta. E então, me ponho a procurá-lo.. Procuro através de uma palavra que liberte, através de um sopro santo, de um ato de bondade. Porém só vejo inveja, desamor, ódio! E outra vez me ponho a perguntar: "Ágape, cadê você?"

Saio às ruas tentando achá-lo. Mas como sempre, nunca o encontro.

Sento-me em frente a uma igreja. E novamente, me vem à cabeça a frase que é difícil de ser dita hoje: "Veja como eles se amam!"... Olho ao meu redor, procurando um sinal de glória, um momento que eu realmente possa dizer tal frase... Procurando um verdadeiro Ágape! Procurei-o em todas as partes, em todos os lugares, mas foi em vão. Então fui embora sem esperanças...
Chegando a noite, fui à missa, e no caminho, reparei que na igreja, foi o único lugar que eu realmente não o procurei...

Quando adentrei à Igreja, vi aquelas pessoas felizes, se abraçando, rindo. E a primeira frase que me veio à cabeça, foi: "Veja como eles se amam!". Mas de repente, uma coisa reluzia na luz da Igreja... E isso me chamou a atenção. Era um ostensório, com a Hóstia Consagrada dentro... E dali em diante, não tive mais dúvidas.. Ele, o Supremo Criador, permitiu que Seu Divino Filho se fizesse pão e vinho, para que nós pudéssemos entender o verdadeiro amor! Era ELE. O Ágape estava ali.” 

       Qual é a essência do amor de DEUS na nossa vida hoje? Quais são os setores de nossa vida que não estamos permitindo que o Ágape entre e tome por suas mãos espirituais, todos os nossos desejos, anseios e dores?
       Pois é bem o Ágape esse sopro santo quer poder contagiar-nos com a busca pela santidade que pode nos proporcionar. Onde encontrar esse Ágape?  

      Vivemos em uma sociedade um tanto quanto preconceituosa. Ao passarmos por aquele “homem maltrapilho” despido de dignidade, jogado à margem da sociedade, uma sociedade onde valemos pelo que temos financeiramente, e não pelo que podemos apresentar na sociedade com nossos  valores éticos, culturais e principalmente religiosos. Tais personagens estão sempre destinados a sofrerem nossa rejeição. E o Ágape que existe nesse irmão, que está sujo e imundo por fora, fica escondido fisicamente,  nós permitimos que essas imundícies turvem nossa visão de enxergar esse amor soberano que é o Ágape.
        E nós que nos julgamos tão superiores a esse homem, quantas vezes estamos ainda mais sujos dessas imundícies do mundo, que insistem em penetrar dentro de nossos corações, roubando-nos nossa identidade natural de pertencermos ao Ágape.
        
A escolha está em nossas mãos. Podemos permitir que o Ágape tome pra Si o que de fato lhe pertence, ou podemos nos auto sentenciarmos à escravidão interior,  ao optarmos por essa imundície marginal da sociedade humana. Contudo, ainda assim, o Ágape continua a te acompanhar.

A escolha é sua! A escolha é nossa!

A Paz de Cristo o Amor de Maria e a Efusão do Espírito Santo.

Thais Marcelino / Roberta Carmem


Feridas Rasgadas

Imagina-te por um momento diante da seguinte situação: caminhas por uma rua qualquer da tua cidade e te deparas com centenas de rostos, semblantes, vidas que não conheces e nem mesmo poderias supor que existissem. Em dado momento, encontras um jovem, tal qual tu és ou já foste um dia. Um jovem que não tem ainda idade para ser pai, para ser responsável, quase uma criança indefesa, frágil, mas ao mesmo tempo com um olhar que transborda um sentimento ao qual tu não consegues dar nome, mas que te atrai e de algum modo prende o teu olhar ao daquele menino.
      
     

     Subitamente percebes que o jovem apresenta marcas pelo corpo, pelos braços e tórax. Percebes que ele traz marcas de profundos arranhões, feridas ainda vivas cujo sangue ainda verte e transparece nas roupas que usa, e de algum modo tu sabes, intuis, sentes que aquelas feridas são a razão dos sentimentos tão puros gestados naquele olhar, o que chega a te causar certa repulsa, pois tão violentas parecem ser as feridas que não há como entender tal sentimento naquele jovem. Percebes também que o rapaz parece expressar orgulho e gratidão. Por fim, torna-se inevitável para ti perguntar ao menino de onde vêm aquelas chagas e onde ele se ferira de modo tão violento. E surpreendentemente o menino responde com um brilho ainda mais intenso e vivo nos olhos: “FOI MEU PAI QUEM FEZ ESTAS MARCAS EM MIM!”
        
       Bem, talvez todo o desenrolar da cena até aqui já nos tenha feito sentir e pensar mil coisas. Mais à frente em nossa reflexão tiraremos nossas conclusões. Antes disso, porém, mudemos nossa posição diante da cena. Ou melhor, assumamos a posição do rapaz cheio de arranhões e feridas. Sejamos nós o personagem misterioso que tem um não sei o quê nos olhos, ainda que os machucados sejam violentos e profundos. Talvez possa ser incômodo e estranho tomar tal posição, pois não é fácil supor-se ferido e marcado, principalmente por seu próprio Pai. Mas ainda que tudo isso pareça por demais violento, apelativo, tendencioso, talvez até ofensivo para nós, há uma verdade que clama por ser revelada. Verdade essa que, contraditória que seja, transfigura-se de ímpar beleza, ainda que incompreendida: NÓS SOMOS O RAPAZ FERIDO, CHAGADO, MARCADO POR PROFUNDOS ARRANHÕES!
            
    Absurdo dos absurdos, estranho ou inaceitável que possa parecer, ou mesmo revoltante, tal é a nossa condição nesse momento, mesmo que não consigamos ou queiramos enxergar. Nossa alma tem e sempre terá marcas violentas e profundas, algumas ainda recentes e muito vivas, outras talvez um pouco mais cicatrizadas, mas todos temos essas chagas, e ainda que seja paradoxal, são marcas e chagas de AMOR.
         
       Há uma particularidade belíssima na teologia cristã que nela imprime indiscutível singularidade: nossos erros, por maiores e piores que sejam, não têm a capacidade de romper os divinos laços com que Deus nos mantém presos ao Seu Coração. Se nos parece difícil crer nessa realidade, dado o escândalo que nossos pecados nos possam causar, é inegável em nosso coração o anseio que temos de novamente aproximarmo-nos da Divina Misericórdia, ainda que tantas vezes por mentira do demônio, cheguemos a temer o Amor de Deus, que acolhe e perdoa ao mesmo tempo em que corrige e ensina, e acabamos por adiar tal encontro tanto quanto podemos. Mesmo no mais profundo abismo da alma, no mais árido deserto interior, nosso coração não se deixa vencer e assim como o cervo sedento, anseia saciar-se nas fontes de água límpida.  E este anseio íntimo não é outra coisa senão força do Espírito Santo a agir em nós. Mesmo o mais hediondo dos crimes não pode dissipar em nós a imagem do Deus Uno e Trino.
              
           Entretanto, dentro desta mesma realidade espiritual existem detalhes que parecem destoantes e inadequados, e não se coadunam à ideia que temos da misericórdia e amor divinos, ideia por vezes romantizada e piegas demais. É necessário que rompamos com essa visão turva do amor de Deus e tomemos responsavelmente nas mãos e coração a certeza de que Deus nos ama até as “entranhas” de seu Ser Divino. Ama-nos de forma paradoxal, no mistério de contemplar-nos com ternura e ira, mas não uma ira contra nós, mas contra o pecado ao qual nos entregamos. Ama-nos ciosamente, deseja-nos com ganas “viscerais”, não porque queira nos escravizar, mas deseja nos fazer livres para sermos plenamente o que somos, reflexo e espelho de Seu Ser.
    
            É constrangedor imaginar-nos como alvos de tal amor. É inquietante e desafiador buscar entender tal realidade. Mas nela reside a essência do plano salvífico de Deus para nós, e nesse constrangimento encontramos a chave de leitura do conto com iniciávamos nossa reflexão: para nos resgatar da escravidão do pecado e da morte, do lodo ao qual tão facilmente nos prendemos tantas vezes, Deus não hesita em vir ao nosso encontro e se preciso for cravar suas unhas em nossos braços, puxar-nos para fora da escuridão densa e opressiva que nos sufoca.  
    
            Quantas vezes o pecado que vivíamos estava tão arraigado em nossa alma que foi necessário que Deus nos tomasse pelas mãos, e nos puxasse mesmo nos arrastando por um chão de pedras e cacos de rocha, rasgando nossa pele, rasgando as máscaras que permitimos ao pecado colocar em nós. Quantas vezes nosso Pai do Céu necessitou também segurar-nos em seus braços mesmo quando nos debatíamos em nossas desobediências e soberbas, em nossos vícios e disfarces de santidade, e precisou tomar-nos em seu regaço com violência, para que não perdêssemos nossa vida, nossa identidade em meio às mentiras que o pecado nos levava a viver.
  
              Voltemos ao inicio de nossa reflexão. Permitamo-nos novamente contemplar os olhos, os sentimentos, ouvir a voz do menino novamente dizendo “FOI MEU PAI QUEM FEZ ESTAS MARCAS EM MIM!”. Mas agora, de modo mais profundo, coloquemo-nos no lugar desta criança, pois nós a somos realmente, e contemplemos nossas marcas, nossas feridas, nossas chagas... Chagas que precisaram ser rasgadas pelo Senhor, os nossos braços tão marcados de arranhões profundos, que não desejavam ferir, mas resgatar nossa alma. Contemplemos com gratidão cada uma das marcas de amor que o Pai deixou em nós por conta desse amor desmesurado, sem limites humanos, sem medidas mesquinhas. Cada um dos arranhões e rasgos que o amor do Pai deixou em nossa alma não foi para outra coisa senão para nos curar das feridas infeccionadas do mundo, e saibamos que não há ferida causada pelo amor do Senhor que Ele mesmo não venha a curar e transformar numa chaga gloriosa, que servirá de cura também para outros corações.
     
           
Contemplemos com gratidão nossa vida, e a cada marca, a cada ferida, a cada arranhão, digamos corajosamente: 

FOI MEU PAI QUEM FEZ ESTAS MARCAS EM MIM, PORQUE ME AMA!!!

Com carinho e orações
Roberto Amorim

23 de março de 2011