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Natal Pobre


Et Verbum caro factum est et habitavit inter nobis
                Há cerca de uns dois ou três dias não me sai da cabeça essa expressão e confesso que passei a celebração natalina deste ano com o firme desejo de entender o que ela poderia significar para mim e para os meus, e também vivê-la. Confesso que não sei se eu a vivi, de fato, entretanto, gostaria de partilhar esta inspiração breve e simples com todos nesta época em que celebramos o Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo.
                Na noite de 24/12, enquanto me preparava para ir à Santa Missa junto com minha mãe, ela comentava comigo que estava um pouco entristecida porque não tinha preparado uma grande ceia de natal aqui em nossa casa, por vários motivos: disse que não tinha condições financeiras, ela mesma não poderia comer a maioria das iguarias que se prepara normalmente nesta data, ou por não gostar ou por não poder mesmo... Enfim, uma série de razões que acabaram por deixá-la entristecida numa noite tão significativa para nós. Enquanto eu ouvia isso de minha mãe, passou-me pela cabeça a ideia de que em muitos lugares o Natal tem tudo isso que nos faltava, mas não tinha o principal. Foi quando respondi: “Mãe, podemos não ter nada disso que tem nas casas da maioria das pessoas, mas temos o presépio. Então, temos o Natal inteiro! E veja só: temos ao vivo dois símbolos das figuras mais importantes dessa noite. Uma é a Mãe – você – e a outra, o Menino – eu (mesmo tendo 29 anos, rs)”

                Sei que essa inspiração pode soar como sentimental e piegas demais, mas decidi partilhá-la porque fez parte da minha inspiração de Natal desse ano. E acredito que nunca desejei tanto ter um natal pobre. Não me entendam mal, não falo tão somente de pobreza material, e nem julgo errado que se faça uma alegre ceia de Natal nesta noite, mas acredito ter pensado do modo correto. Eu quis do fundo da alma um Natal pobre, para mim e para os que amo. Pobre no sentido de guardarmos em nós somente o essencial dessa noite, somente o que fez essa noite ser singular e única no mundo. Penso isso comparando a festa dessa noite com todas as outras festas que normalmente vivenciamos ao longo do ano: Reveillon, aniversários, confraternizações, festas de casamento, sejam quais forem... Todas tem alegria, festa, música, dança. Esta noite, contudo, tem algo por demais singular para ser entendido somente como uma espécie de boa intenção espiritual; é algo que simplesmente rompe as portas da lógica humana e das possibilidades naturais deste mundo: Et Verbum caro factum est et habitavit inter nobis – E O VERBO SE FEZ CARNE E HABITOU ENTRE NÓS. E é isto que faz essa noite diferente de todas as outras. Deus veio morar conosco, experimentar nossa vida, partilhar nossa história, viver nossa limitação e todas as vicissitudes humanas, exceto o pecado.

                Bem, foi isto que desejei intensamente para mim, e para os meus nessa noite. Eu quis muito um Natal pobre. Não pobre no sentido pejorativo, mas, como falei aqui ao longo desta pequena reflexão, cheio da pobreza da Gruta de Belém, cheio da solidão que invadia o coração da Virgem. Solidão não por sentir abandono ou menosprezo, mas a solidão que somente Deus pode preencher. Desejei este Natal para mim, cheio do essencial. Confesso que talvez eu não tenha conseguido viver isso plenamente nestes dois dias, 24 e 25/12, mas temos a graça de sermos filhos de um Deus que ouve intenções do coração. Não quero dizer aqui que somente boas intenções bastam para nos levar ao céu, mas Deus escuta nossa oração e nossos desejos quando estes vão de encontro aos Dele.

                É isto. Desejei para mim um Natal pobre, cheio unicamente da riqueza da manjedoura de Belém, que albergava naquela noite feliz o maior tesouro do universo; desejei um natal frio, cujo calor brotasse somente do Amor Divino encerrado na Carne Humana assumida pelo Verbo. Tal foi o Natal que desejei para mim e tal é o Natal que desejo para os meus.

                Um Feliz Natal. Pobre, somente com o essencial reinando em vossos corações: A Virgem e o Menino Deus.

Roberto Amorim
Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo - 2011

Um comentário:

  1. Olá, acabei de ver seu comentário no nosso blog fragmentosdeeternidade.blogspot.com, desculpe não havia me atentando, mas muito grata e feliz por vê-lo agora! o seu é muito legal, parabéns!

    ione.aquino@hotmail.com e fabianaharam@hotmail.com

    paz e bem!

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