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Trindade Humana


Minha essência é feita de encontros e das aquarelas de outras historias pingos de tinta salpicam minha tela. Nas margens do meu rio saudades e presenças formam barrancos, que constantemente despencam e diluem-se nas minhas águas.  Eu sou eu e meus encontros, com as harmonias e dissonâncias que me acontecem, com as cores e matizes que me pintam os Calvários e Tabores deste tempo. Neles eu me toco e me percebo, me resgato e outra vez me entrego ao garimpo de Deus, que com seus malhos e martelos esculpe nesta pedra bruta um retrato de Sua Divina Face.
            Nessa experiência de encontro, na aventura de dar boas vindas àqueles que adentram os portões de nossa história, uma janela pode abrir-se, por onde podemos vislumbrar os rascunhos da eternidade. De um acaso fortuito, de um encontro insuspeitado pode surgir a ponte entre o divino e o humano que há em nós. Nessa simplicidade tão cotidiana do encontrar-se e relacionar-se, a realidade trinitária nos pode tocar e colorir a vida, na medida em que saibamos enxergar o céu interior que existe em cada um.
            Creio que cada vez que surge um elo entre dois corações, elo esse que, livre de toda maldade e poluição hodierna e ornado de reta intenção, o eterno curva-se ao tempo e gesta em nós a realidade trinitária em que cremos. O mistério da Santíssima Trindade, tão excelso e inalcançável mesmo para os grandes santos e místicos da historia, é recoberto de uma delicada e singela poesia: O Deus que é único não é solitário! E nos encontros desta estrada que percorremos, nas esquinas e vielas desta face temporal da eternidade que nos espera, a ação criadora de Deus nos abraça e recorta do imanente e nos insere nas realidades sem ocaso, no eterno hoje divino.
            Assim se dá com as almas que se encontram no coração do Senhor. Almas que enamoram-se em Deus e por Deus trazem dentro de si esta porta aberta para receber o outro e conduzi-lo ao transcendente, ao céu interior plantado por Deus em nós.
            O pensamento filosófico ensina que no encontro de duas pessoas um terceiro ente é gerado. Do encontro entre um “EU” e um “TU” surge um “NÓS”, resultado dos reflexos da luz de Deus que incidem sobre os que Nele se encontram. E quando de fato esse “NÓS” nasce por força do amor a Deus, torna-se comunhão divina, união que prende a alma à verdadeira liberdade de ser o que se é. Amor que vem do céu e para o céu aponta, sem querer pra si. Esse é o amor que promove e faz crescer, onde o Sopro de Vida Divino habita: “Onde está o Espírito do Senhor, ali há liberdade.”
            Nos fragmentos de eternidade que essas misturas e poesias residentes nos outros me proporcionam, eu reconheço o quanto Deus me forma e restaura. É bom viver e ser parte deste “NÓS” que o outro gera em mim. Sou bem melhor quando Deus usa você pra me fazer tocar o céu, pois sou metade incompleta que só a eternidade poderá preencher; estrada que, ainda em reformas,  carece de material pra construir a ponte que vai levar até o outro lado.
            Meu céu interior se torna Paraíso quando NÓS formamos a Trindade Humana.
               
Com carinho e orações,
Roberto Amorim.
04/12/2009.

Viver Sempre com ADORAÇÃO E VIDA



A vida virtual, como já disse aqui, nos reserva agradáveis surpresas. Por meio dela, encontrei lá em Fortaleza - CE um jovem que merece ser chamado de GUIBOR, termo hebraico que siginifica VALENTE. Encontrei um Valente de Deus. Não há muito que eu possa falar do Joel. Deixo com vocês as palavras dele mesmo. Sejam para cada um de vocês força e coragem vindas do Céu, pois para mim foram isso e muito mais...


"Bem, vou falar um pouco de minha vida pra vocês. Me chamo Joel Araújo, tenho 23 anos. Quando era criança tinha muitos sonhos e gostava muito de brincar e de ir à escola, mas aos 12 anos comecei a sentir minhas pernas doloridas e não sabia o que era. Fui ao colégio e na volta caí, e não consegui me levantar sozinho. Um senhor me pegou nos braços e me levou até minha casa. Passei o dia deitado, dormi e quando acordei não conseguia andar. Fui ao médico e lá passei por vários exames, até descobrir que teria que sair do colégio.

Nossa! Pra mim foi um choque. Sempre que me perguntavam o que aconteceu comigo, eu respondia:”-Não sei, foi uma noite traiçoeira!”. Então tive que ser internado por vários meses. Fiquei mais tempo no hospital do que em casa. Fiz fisioterapia e com 15 anos, tive ser operado. Foi uma das fases mais difíceis de minha vida,mas como acredito em Deus, enfrentei. Fui internado e após dois meses, chegou o dia da cirurgia (nunca esquecerei: 17 de junho de 2002, dois dias após meu aniversario).Na noite anterior, um enfermeiro disse que queria falar comigo a respeito da operação. Disse a ele que poderia falar. Daí, ele começou: “-Olha sua cirurgia é arriscada, você vai passar por anestesia geral, quem faz essa cirurgia passa de uma a duas semanas na UTI...” Nossa, eu tremi todo e ele ainda disse que poucos resistiam a esse tipo de cirurgia. Quando ele saiu, comecei a chorar desesperadamente. Logo depois, cerca de vinte minutos, chega uma enfermeira e pede pra falar com minha mãe em particular Perguntei se era a respeito da minha cirurgia e ela disse que sim. Falei que já sabia de tudo, e ela ficou muito preocupada, pois disse q não era pro enfermeiro ter dito nada na minha frente. Daí, ela mandou que eu tomasse remédios pra dormir. Eu tomei, mas não dormi. Passei a noite rezando e pedindo a Deus para que se fizesse a vontade Dele.

Passou a noite e chegou o momento. Na hora da cirurgia, quando chegaram pra me levar pro centro cirúrgico, eu desmaiei. Mesmo assim me levaram. Acordei na sala de cirurgia. Deram-me um líquido, bebi e adormeci. Para honra e glória do Senhor, quando eu acordei tinham se passado dois dias e eu já estava fora da UTI. Então, fiquei mais um mês internado e voltei pra casa, ainda sem anda. Entrei em depressão, passei 2 anos em tratamento com psicólogos, até que um dia me decidi viver do jeito que Deus quer, levantei a cabeça e disse: “A partir de hoje, minha vida voltará ao normal!”. Voltei ao colégio, fiz vários cursos, e hoje, para honra e glória do Senhor, terminei o colegial, e estou esperando o momento certo para entrar na faculdade.

Gente, peço que orem por mim, pois não é fácil. Há dias em que fraquejo e um simples olhar já me faz chorar... Peço também que vocês não desistam de nada, pois com Deus podemos TUDO.
Um forte abraço! Adoração e vida pra vocês! Deus os abençoe!"

Joel Araujo
MSN: webinhovip@hotmail.com

O Dom de Ser Anjo


Uma das mais fascinantes e surpreendentes marcas que Deus imprime no meu dia a dia é o seu jeito de nos ensinar a sermos seus filhos. Percebo que Ele esconde nas situações cotidianas peças do quebra cabeças que temos de montar para enxergarmos a real imagem do que somos. Ao mesmo tempo, esconde em nós peças que servirão para restaurar, remodelar ou pelo menos mostrar que a história dos nossos irmãos não acabou. Sempre dá tempo de recolocar as peças do quebra cabeças. Concede-nos muitas vezes o dom de ser anjo para o outro.

É certo – e isto o sabemos por meio da Santa Doutrina que da Igreja recebemos – que nenhum homem é ou será transformado em anjo, mesmo depois de seu encontro final com Deus. Os anjos, seres espirituais criados por Deus para seu louvor e adoração, não são de nossa natureza. Ou antes, nós não pertencemos á deles. Em sua natureza puramente espiritual, contemplam a Deus face e face e desfrutam de uma realidade inconcebível e inalcançável à nossa mente. Vêem em Deus a nossa realidade e por Seu desígnio auxiliam e guardam os filhos de Deus. E a própria escritura, citando em diversos trechos a expressão “... o anjo do Senhor...” caracteriza dessa forma uma atuação direta do próprio Deus por meio do seu mensageiro. O dom de ser anjo reside, portanto, nas oportunidades que temos de conhecer um pouco daqueles que de nós se aproximam e dar a Deus, por meio de nós, a oportunidade de tocar a vida e o coração do outro. Não seria demais pensar que, se cada um de nós é templo vivo de Deus Uno e Trino, somos também local preferencial da Sua ação santificadora. Lugar de encontro, ocasião de resgate... Anjo. Ao mesmo tempo ser lugar de encontro com a graça de Deus requer de nós um cuidado ainda mais especial para com aquele que de nós se aproxima e para conosco mesmos. A dádiva de ser anjo para outros gera em nós sementes de ressurreição que precisam germinar também no coração do outro. Não as mesmas flores, mas sim aquelas que exalem o perfume da presença do Senhor.


Ser anjo é levar a carta que Ele endereçou ao outro, mas a quis escrever com a nossa caligrafia. Quantos de nós, ao ver transcrito um texto de qualquer autor que nos seja atraente, não reconhecemos claramente o seu estilo, forma, palavras, mesmo que a letra não seja manuscrita pelo autor? Ser anjo é isso. Levar o outro ao Divino Autor da carta que entregamos em cada encontro.


Deus tem me dado a experiência de entrar na vida de um grande número de pessoas por conta de diversos fatores: por ser coordenador de grupos de Crisma, por tocar em retiros, missas, grupos de oração e também por novas amizades que tenho conquistado. Peço a Deus que, se de fato Ele me tem concedido a graça de ser anjo para alguém, que eu jamais prenda em mim o coração de nenhum desses. Se me olharem, que vejam a Ti, Senhor. Ouvindo minha voz, que escutem a Tua. Se a algum deles eu trouxer de volta, que seja para o Teu abraço.


E que nós, juventude católica, Geração PHN, tenhamos a coragem de sermos anjos para todos quantos o Senhor nos confiar.

São Miguel Arcanjo, defendei-nos no combate!



Com carinho e orações,

Roberto Amorim.