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A Clara Luz de Chiara Luce Badano

Não tenho palavras para definir o que se deu em mim quando, há cerca de um mês atrás, recebi por email o testemunho de vida desta jovem que aqui deixo a vocês. Somente sei que essa história me fez desejar mais ardentemente ainda a santidade para minha vida. Fez-me desejar ter forças para, se preciso for, perder tudo para ganhar bem mais no Céu. Chiara Badano é um diamante raríssimo, lapidado por Deus, forjado nas ardentes chamas de Seu Sacratíssimo Coração. Não vou me atrever a colocar palavras minhas aqui. Deixarei com vocês somente as palavras do Céu, sob o lindo véu do testemunho da jovem Chiara. Desfrutem, saboreiem...

Chiara Luce, 18 anos: “uma obra-prima luminosa”
Uma testemunha de que é possível viver o cristianismo no nosso tempo, até em grau heróico. Foi confirmado pela Igreja, com decreto aprovado pelo Papa, que reconhece as virtudes heróicas de Chiara Luce Badano
 
 O heroísmo possível aos 18 anos. Foi o que reconheceu hoje o Papa ao aprovar um decreto da Congregação da Causa dos Santos no qual afirma-se que Chiara Badano praticou em grau heróico as virtudes cristãs. Segundo o procedimento típico dos processos de beatificação, a jovem de 18 anos foi declarada “venerável”. É a etapa que antecede imediatamente a beatificação, quando e se será reconhecida a autenticidade de um milagre.

Chiara Luce concluiu a sua viagem terrena no dia 7 de outubro de 1990, após dois anos de uma dolorosa doença, um tumor ósseo que progressivamente a privou das forças, mas não lhe tirou a alegria de viver. Uma alegria conquistada com heroísmo.

“Existe o heroísmo quando o comportamento virtuoso se prolonga no tempo e torna-se particularmente difícil, tanto que supera o modo normal de agir, manifestando, desse modo, a constante determinação de conformar-se, em tudo, à vontade de Deus”. Assim explicou Dom Livio Maritano, bispo emérito de Acqui, que em 1990 deu início à fase diocesana do processo de beatificação.
Foi o Evangelho que a sustentou nos momentos mais difíceis de provação, e o encontro com um Deus próximo, também ele sofredor, redescoberto na figura de Jesus que sobre a cruz chega a gritar o abandono do Pai. Uma fé viva, jovem, que nutria-se abundantemente do contato com a espiritualidade da unidade e com Chiara Lubich, que ela conheceu com a idade de 9 anos.

Chiara Badano nasceu em Sassello (Savona – Itália) em 29 de outubro de 1971, após 11 anos de espera de seus pais. Em 1981, com o pai e a mãe, participou do Family Fest, em Roma – uma manifestação mundial do Movimento dos Focolares. Para todos três foi o início de uma nova vida. Na sua pequena cidade Chiara lançou-se a amar as colegas de escola, qualquer pessoa que passava ao seu lado, decidida a viver com radicalidade o Evangelho que a tinha fascinado. Logo se comprometeu, com grande ardor, entre as meninas da sua idade no Movimento. 

Poucos anos depois uma forte dor nas costas, durante uma partida de tênis, causou a suspeita dos médicos. Tiveram início exames clínicos de todos os tipos para definir a causa das dores. Logo chegou-se ao diagnóstico de um tumor ósseo. Continuaram as consultas e exames, até que no final de fevereiro de 1989 Chiara faz a primeira operação: as esperanças são poucas. As jovens que partilham de seu mesmo ideal, e outras pessoas do Movimento, se alternam em visitas ao hospital, para sustentar ela e sua família com a unidade e a ajuda concreta. As internações no hospital, em Turim, tornam-se cada vez mais freqüentes e os tratamentos são muito dolorosos. Chiara os enfrenta com grande coragem. Diante de cada nova “surpresa” o seu oferecimento é decidido: “Por ti, Jesus, se tu queres eu também quero!”.

Não obstante a gravidade de suas condições logo que a saúde o permite Chiara participa pessoalmente, com alegria e entusiasmo, de tudo que acontece no Movimento dos Focolares.
Uma outra grande provação não tarda a chegar, é quando Chiara não pode mais andar. Uma nova operação, muito dolorosa, revela-se inútil. Para ela é um sofrimento imenso e encontra-se como em um túnel escuro. Mas encontra ainda a força para continuar a amar e a luz retorna. “Se tivesse que escolher entre caminhar e ir para o Paraíso – ela confia a alguém – sem hesitar escolheria ir para o Paraíso. Agora é só isso que me interessa”.

Desde pequena tinha procurado viver o Evangelho 100%, embora com os altos e baixos da adolescência. Dirigindo-se aos amigos escreveu em sua agenda:
“Saí da vida de vocês num segundo. Como eu teria desejado parar aquele trem que corria e se afastava cada vez mais! Mas ainda não entendia. Estava ainda absorvida por tantas ambições, projetos e quem sabe o que mais (coisas que agora me parecem insignificantes, fúteis, passageiras). Um outro mundo me esperava e não me restava senão abandonar-me. Mas agora eu me sinto envolvida por um desígnio esplêndido que aos poucos se revela”

O médico que a acompanha, cético e muito crítico em relação à Igreja, fica cada vez mais profundamente tocado pelo testemunho seu e de seus pais. “Desde quando conheci Chiara alguma coisa mudou dentro de mim. Aqui existe coerência, aqui, na minha opinião, todo o cristianismo se encaixa”.
 
O seu relacionamento com Chiara Lubich é muito estreito e a mantém constantemente informada sobre o estado da sua saúde, suas conquistas e descobertas. No dia 30 de setembro de 1989 Chiara Lubich lhe responde: “... Vejo que você está totalmente voltada a corresponder ao amor de Deus e a dizer-lhe o seu constante ‘sim’. Eu lhe acompanho sempre com a minha oração e com todo o meu amor. Escolhi a Palavra de Vida que você desejava: ‘Quem permanece em mim e eu nele, produz muito fruto’. Um abraço Chiara, peço ao Espírito Santo que lhe dê o dom da fortaleza, para que a sua alma, pelo amor a Jesus abandonado, possa sempre ‘cantar’...”.

Embora na imobilidade Chiara é muito ativa. Pelo telefone acompanha o grupo dos Jovens por um Mundo Unido de Savona, com mensagens, cartões e cartazes faz sentir a sua presença nos Congressos e atividades, procura todos os meios para fazer com que seus amigos e colegas de escola conheçam os gen e as gen, convida muitos deles para o Genfest ’90 (encontro internacional dos Jovens por um Mundo Unido, realizado em Roma, em maio de 1990), que tem a alegria de assistir graças a uma antena parabólica montada no teto de sua casa.

No início do verão os médicos decidem interromper as terapias. É impossível parar a doença. Chiara logo informa Chiara Lubich sobre a situação. É o dia 19 de julho de 1990: “A medicina depôs as suas armas. Interrompendo os tratamentos as dores nas costas aumentaram e quase não consigo mais me mexer. Sinto-me tão pequena e o caminho a percorrer é tão árduo... muitas vezes sinto-me sufocada pela dor. Mas é o Esposo que vem me encontrar, não é? Sim, eu também repito, com você: ‘Se tu queres, eu também quero’... Tenho certeza que com ele venceremos o mundo!”.
Chiara Lubich responde imediatamente: “Chiara, não tenha medo de dizer-lhe o seu sim, momento por momento. Ele lhe dará a força, esteja certa disso! Eu também rezo  e estou sempre aí com você. Deus lhe ama imensamente e quer penetrar no íntimo da sua alma e fazer com que você experimente gotas de céu. ‘Chiara Luce’ (‘Clara Luz’, ndR) é o nome que escolhi para você. Você gosta? É a luz do Ideal que vence o mundo. Eu o mando a você junto com todo o meu afeto...”.

Com o agravamento da doença seria necessário aumentar a dosagem de morfina mas Chiara Luce se recusa: “Tira a minha lucidez e é só a dor o que posso oferecer a Jesus”.
 
Num momento de grande sofrimento físico confia à sua mãe que o seu coração está cantando: “Eis-me aqui Jesus, ainda hoje, diante de ti...”. Tem a certeza de que logo irá encontrá-lo e se prepara. Uma manhã, depois de uma noite difícil, é espontâneo para ela repetir, com breves intervalos: “Vem, Senhor Jesus”. Às 11 horas, inesperadamente, chega um sacerdote do Movimento para visitá-la. Chiara Luce fica felicíssima porque desde cedo desejava receber Jesus Eucaristia. É o seu companheiro na última viagem.

Chiara Luce foi para o céu no dia 7 de outubro de 1990. Ela tinha pensado em tudo: nos cantos para o seu funeral, nas flores, no penteado e no vestido, que queria que fosse branco, como de uma noiva, com uma recomendação: “Mamãe, enquanto você estiver me preparando deve repetir sempre: agora Chiara Luce está vendo Jesus ... estejam felizes porque eu estou feliz”. Seu pai tinha lhe perguntado se gostaria de doar as suas córneas ao que ela havia respondido com um lindo sorriso. Logo depois da partida de Chiara Luce para o céu Chiara Lubich envia um telegrama aos pais: “Agradeçamos a Deus por esta sua obra-prima luminosa”.

A sua fama se difunde e Chiara Luce torna-se uma referência para muitos jovens que encontram na sua história um sentido para a vida, um ideal que não passa. Todos os anos, no dia 7 de outubro, aniversário de sua morte, são muitos os que se reúnem no cemitério de Sassello para recordá-la.
A declaração de venerabilidade de Chiara Badano – declara Dom Maritano – nos estimula a imitar o seu exemplo, que nos apresenta um modo concreto de viver o Evangelho; mais uma confirmação que o cristianismo é verdadeiramente praticável também hoje, inclusive pelos jovens, nas situações ordinárias da vida”. “É bom tornar conhecido o seu testemunho – ele continua – pela ajuda que o seu exemplo pode oferecer a pessoas de qualquer idade e condição”.

Fonte: http://www.focolare.org/articolo.php?codart=5746

Um comentário:

  1. simplismente perfeito, um exemplo de fidelidade a Deus. Um verdadeiro exemplo no qual devemos seguir. amei mt mesmo, testemunho perfeito.

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